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A TECNOLOGIA DO SENSORIAMENTO REMOTO EM PROL DE UM MUNDO MAIS SUSTENTÁVEL

Atualizado: 17 de set. de 2021



Ano após ano, a tecnologia e a ciência vêm facilitando o monitoramento de eventos ambientais em todo o mundo.


Com a captação de dados através do sensoriamento remoto, é possível ter o conhecimento de áreas verdes afetadas pelas atividades humanas. Desmatamento e queimadas são alguns eventos que já são medidos e detalhados por essa tecnologia, que entendemos estar a serviço de um mundo mais sustentável, assegurando o futuro dos recursos naturais para as próximas gerações.


Dra. Catherine Torres de Almeida é bióloga, engenheira florestal, com doutorado em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e, também, nossa convidada.


Manifesta: Como o sensoriamento remoto pode contribuir para que empresas tenham maior aderência aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável?


Catherine: Sensores remotos a bordo de satélites, aviões ou mesmo drones podem ser usados para fornecer dados ambientais, como o mapeamento da cobertura verde, dos recursos hídricos e da topografia, por exemplo. Essa tecnologia pode ser aplicada ao meio urbano, para monitorar a expansão das cidades e dar suporte a estratégias de desenvolvimento sustentável das mesmas. No meio rural, alguns exemplos de aplicação são a estimativa da produção agrícola e o monitoramento das áreas sob proteção ambiental, como APP (áreas de preservação permanente) e reserva legal. As empresas podem fazer uso dos vários dados que essas tecnologias fornecem para garantir o uso sustentável dos recursos naturais, podendo contabilizar o impacto que produzem e, consequentemente, propor soluções para mitigá-los.


Manifesta: Você acredita que os dados gerados pelos sensores, além de causar espanto, podem ser incentivadores de projetos regenerativos, tanto no âmbito público quanto no privado?


Catherine: Sim, o monitoramento ambiental por meio de dados de sensoriamento remoto já vem sendo bastante utilizado, tanto na esfera pública como na privada. Pode causar certo espanto quando percebemos a extensão dos impactos que nós já causamos no meio ambiente, impactos que só vem crescendo nos últimos anos. Não basta só quantificarmos os recursos disponíveis, precisamos também pensar em estratégias para regenerar a degradação que já ocorreu. E os dados derivados de diferentes tipos de sensores remotos podem dar subsídios a projetos que valorizam a restauração dos ecossistemas e seus benefícios para as relações humanas.


Manifesta: Para você, quais os dados mais alarmantes sobre a Amazônia brasileira apresentado até agora?


Catherine: A situação atual da Amazônia é de fato muito alarmante. O que os dados de sensoriamento remoto vêm nos mostrando é que o desmatamento vem aumentando drasticamente. A área sob alerta de desmatamento na Amazônia Legal durante o primeiro semestre de 2021 é a maior em seis anos, de acordo com o sistema de monitoramento. Foram 3.325 km² entre 1º de janeiro e 25 de junho (mais de 2 cidades de São Paulo), índice superior ao dos anos anteriores mesmo sem contabilizar os últimos 5 dias do mês. Como mostra nessa reportagem: https://g1.globo.com/natureza/amazonia/noticia/2021/07/02/primeiro-semestre-de-2021-tem-o-maior-numero-de-alertas-de-desmatamento-na-amazonia-em-6-anos.ghtml.


Em 2020, 10.851 km2 de florestas primárias foram completamente perdidas na Amazônia Legal, dados completos no link: http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=5811.

Essa área é equivalente a mais de 7 cidades de São Paulo!



Manifesta: Empreendimentos ativistas, com responsabilidade ambiental, podem contar com o sensoriamento remoto para buscarem soluções mais assertivas? E como se daria o acesso a essa tecnologia?


Catherine: Com certeza! Para encontrar boas soluções precisamos de boas iniciativas aliadas a bons dados que deem suporte a elas. Atualmente há uma enorme gama de informações de qualidade disponíveis gratuitamente. Por exemplo, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) disponibiliza dados de monitoramento de desmatamento e queimadas na plataforma TerraBrasilis (http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/).

As imagens de vários satélites também podem ser acessadas gratuitamente em plataformas como o EarthExplorer (https://earthexplorer.usgs.gov/).

Recentemente, eu organizei uma compilação de dados geoambientais e socioeconômicos que podem ser baixados em: www.kaggle.com/cathetorres/geospatial-environmental-and-socioeconomic-data.

E há também sensores de última geração que podem ser contratados para coletas por aviões ou drones, tecnologias que estão se tornando mais acessíveis.


Manifesta: Atualmente, há algum projeto regenerativo, público ou privado, que faz uso dessa tecnologia para reparos ambientais?


Catherine: Sim, muitos projetos já usam a tecnologia em prol de melhores soluções ambientais. Atualmente, eu participo de um projeto de pesquisa chamado Newfor, na qual investigamos como as florestas restauradas do estado de São Paulo beneficiam as pessoas e a natureza, englobando desde florestas restauradas por empresas, propriedades privadas ou pela iniciativa pública.


Manifesta: É possível estimar o impacto dessa tecnologia para o mundo e, principalmente, para a Amazônia?


Catherine: É graças ao sensoriamento remoto que hoje sabemos o quanto ainda temos de florestas no mundo. No caso da Amazônia, essa tecnologia é essencial para o seu monitoramento e fiscalização, já que muitas áreas da Amazônia são de difícil acesso por terra.

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